quinta-feira, 4 de junho de 2009

Cesário Verde

"Além de ser uma réplica do realismo irónico queirosiano (...) o realismo lírico de Cesário Verde será o seu esforço de autenticidade anti-retoricista, "com versos magistrais, salubres e sinceros"".

Cesário, contemporâneo de Eça e Antero de Quental, viveu na época do realismo e consequentemente, a sua formação enquanto poeta foi baseada em principios desta época literária.
A ironia do poeta, herdada de Eça, surgiu no âmbito de dar resposta a uma necessidade do poeta de produzir uma poesia que criticasse a tradição e os costumes do seu tempo, sendo que toda a sua pintura poética é uma ilustração do meio onde este se encontava e com isto é adquirido um paralelismo da sua poesia e as artes plásticas.
A poesia de Cesário é uma "réplica do realismo", visto que o poeta não opina (a sua opinião é suprimida) e preocupa-se essencialmente em descrever o que vê, revelando com elevado rigor todas as características dos objectos - gratia artis (arte pela arte).
O poeta explora exaustivamente a experiência sensorial - ligada a todos os sentidos e sensações. Cesário Verde, um apreciador da regularidade, eleva o estatuto das personagens, para que os seus sentimentos e opinião não sejam primeiramente expostas ao leitor afim de produzir sentimentos de entusiasmo para um grande despertar de sentimentos.
Os versos de Cesário são considerados - até 0por ele mesmo - magistrais, salubres e sinceros - versos limpos e honestos provenientes de um mestre - visto que toda a sua poesia serviu e continua a servir de fonte de inspiração a novos poetas. Cesário "foge da primeira pessoa", e os seus versos, apesar de simples, apresentam associações inesperadas e jogos com palavras que os transformam em versos de elaborada compreensão.
O poeta, apesar de rigoroso e de ter a ambição de uma poesia bonita, nos seus limpos versos não se preocupa com a utilização de uma linguistica demasiado pomposa ou de um exagero da retórica (arte de bem falar) e, por isso, tem uma posição anti-retoricista.
É de salientar que foi Cesário quem realmente desencadeou uma época literária - modernismo - devido à sua visão pictórica e futurista da realidade, e foi tambem Cesário quem "deu à luz" o parnasianismo.

domingo, 29 de março de 2009

"Eurico, o presbítero" de Alexandre Herculano


Alexandre Herculano, nascido em Lisboa (1810-1877), foi simultâneamente escritor, historiador, jornalista e poeta. Juntamente com Garrett foi considurado o introdutor do romantismo em Portugal.

Este romancista ocupou grande parte da sua vida, não só com documentos literários, mas também com existências de ordem política.

Alexandre Herculano, apesar de descender de familias modestas e ao longo da sua vida não ter quaisquer possibilidades de aceder ao ensino superior, nunca deixou de frequentar as bibliotecas nem sequer de escrever as suas obras.

Eurico, o presbítero, obra de Alexandre Herculano escrita em 1844, relata a história de um amor frustrado, em que Eurico se torna presbítero para tentar esquecer o seu grande amor por Hermengarda. Eurico, como personagem revela-se um óptimo Guerreiro e poeta, para além de um romântico apaixonado.

Esta obra tanto pode ser considerada um romance de cavalaria, como uma crítica à cristandade (mais propriamente à Igreja), como oposição à forma como a Peninsula Ibérica foi devastada.

"Menina e Moça" de Bernardim Ribeiro


Sobre Bernardim Ribeiro nada sabemos ao certo. Deduz-se, através dos traços autobiográficos da sua obra, que seja natural dr Torrão (Alcácer do Sal) e que nasceu em 1482 falecendo 70 anos depois. Pensa-se que foi um escritor renascentista, caracterizado pelo arcaísmo da sua linguagem.
Poeta e também novelista foi o introdutor do bucolismo em Portugal, e o primeiro a escrever a sextina na história da Lingua Portuguesa.
Sua obra "Menina e Moça", uma grande novela sentimental, é publicada pela primeira vez em 1554 (Itália). "Menina e Moça" contempla aventuras amorosas em ambientes campestres, bucólicos e paradisiacos, o que faz com que os seus tópicos se liguem à figura feminina, à saudade ao amor, à solidão agregados a um pensamento místico pessimista, em torno do amor.

Qualquer obra de Bernardim Ribeiro cinge o tema da infelicidade amorosa, e "Menina e Moça" não é expecção.

A sua principal obra "Menina e Moça", ainda que inacabada, não teve qualquer equivalente na literatura clássica portuguesa, ainda assim, este inovador género de romance de Bernardim Ribeiro, consegue expandir-se e constituir um novo modelo de referência.